Coronavírus e o que ele lembra sobre a força dos pequenos

É uma pedra no sapato. De pé direito ou esquerdo, o fato é que está incomodando a todos, prejudicando o caminhar.

No passo em que vai, a humanidade tateia. Estuda como remover a pedra e aprende, a duras penas, como seguir em frente após ela já ter tocado em alguns de seus calos mais profundos.

No fundo, é bem menor do que uma pedra: um vírus, invisível a olho nu, que tem causado gigantesco dano e deixado economias peladas pelas casas onde passa.

Por briga de nanicos e gigantes, lembra-se de Davi e Golias. Onde o menor, com um só golpe, derrotou àquele que parecia invencível.

Não faltam exemplos de vitórias dos pequenos. Se pegarmos (usando luvas) o tamanho físico como parâmetro, vamos do baixinho Romário ao conquistador Napoleão.

Sem sair da história, poderia se citar diversas celebridades, artistas e até super-heróis que provaram que o tamanho físico não importa.

A altura, largura e profundidade das atitudes, daquilo que se faz a si e aos outros, é o que define o lugar que se ocupa no mundo.

Ocupados com pormenores, muitos no mundo minimizam ainda, o real impacto deste nanico que tem derrubado gigantes.

Atônitos, países vão à lona e caem de queixo na realidade trazida por suas próprias contradições.

O lado econômico demonstra que a contagem já foi iniciada: sente o golpe de batalhas antes nunca enfrentadas.

Números sobem e descem, cabeças são cortadas pela tal mão invisível do mercado. Contaminada, dá tapinha nas costas das pequenas empresas e cumprimenta as gigantes com acordos trilionários.

Aqui, pegamos (ainda com luvas) a segunda lembrança a respeito de que o tamanho importa nesta guerra contra o vírus: as pequenas empresas que precisam encontrar soluções criativas, melhor seria se fossem vacinas e não remédios, para fortalecer o seu sistema e evitar ir parar na UTI ou numa gaveta.

Se as pessoas jurídicas estão neste quadro, quando ampliamos a imagem, se percebe um vasto mar de rostos que nem são cadastrados, registrados como pessoas físicas.

Por muito tempo, estas foram chamadas de invisíveis, assim como o vírus. Estavam ali, pelas esquinas, calçadas, tratadas como pedras no sapato por motoristas e pedestres que as enxotam por pedir moedas.

Centavos de sensibilidade tem se percebido agora, quando algumas iniciativas surgem no sentido de se olhar para estas pequenas, as menores pessoas dentro de uma escala na pirâmide social do consumo.

Sem inferioridade, estes e aqueles abaixo dos gigantes, olham para cima e respiram fundo: reconhecem, quase que de forma intrínseca, a força que os pequenos podem ter, quando unidos e organizados em torno de um objetivo comum.

Fazendo a volta nestes pensamentos, se reconhece que ainda que o coronavírus atinja a todos, os mais pobres e as pequenas empresas, que são os menores dentro das áreas econômica e social, enfrentam uma batalha à parte para sobreviver a este inimigo invisível.

Bastante visível é, por fim, a força que estes menores podem ter: que de toda esta crise trazida por um vírus extremamente mutável, a sociedade faça as transformações há muito tempo necessárias para se diminuir a distância entre pequenos e gigantes, para que ninguém, nem mesmo Davi, precise ficar atirando pedras por aí.

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